sábado, 5 de dezembro de 2009

Há uns tempos a esta parte, ouvia falar de blogues e ficava a pensar que, atendendo a que tantos já os tinham,não devia ser muito difícil criar um blogue... E não era, e não foi.
Difícil é mantê-lo...
Não tenho tido muito tempo, nestes tempos que têm vindo a decorrer, e , por isso mesmo, há algum tempo, não direi que muito, nem que pouco, porque as questões do tempo são sempre muito relativas,que não escrevo nada neste espaço.Mas como sempre vem tempo atrás do tempo, cá estou eu, neste preciso momento, a acrescentar algo para partilhar com quem, por acaso,venha a ter contacto com este blogue,que, praticamente, só eu é que conheço.
Vou continuar com poesia, apresentando alguns textos feitos por alunos nas minhas aulas de português, alguns deles com algum apoio meu e outros menos, e o último feito por mim,por alturas do nascimento do Júnior, jornal de parede da escola onde trabalho quase desde sempre.

PING-PONG

Estávamos a jogar ping-pong
E a bola ping-pong,
Ping-pong, ping-pong
E a bola já estafada
Sempre ping-pong,
Ping-pong, ping-pong
Na mesa de ping-pong

UM , DOIS , TRÊS , DIGA LÁ RETROPROJECTOR OUTRA VEZ

Diz rapidamente
Até te enganares
Um retroprojector,
Dois retroprojectores,
Três retroprojectores.

QUADRO, QUADROZINHO

Quadro , quadrozinho
Onde eu me enquadrei.
Se não disser três vezes
Quadro, quadro, quadrozinho
Neste quadro não escreverei.

PORTA, PORTINHA

Porta, porta, portinha
Por onde entro depressinha.
Se não disser três vezes porta, porta,
Porta, portinha
Não posso entrar na salinha.

POTE, POTE, GERIPOTE

Pote, pote, geripote
Pote, pote, pote vem
Quem não disser três vezes
Pote, pote, geripote
Geripote, pote vem
Não sabe quantos litros
Este pote tem.

Por alunos do 5.ºano da EB2,3 de Sabugal

BOLA

Bola
Rebola
O jogador leva com ela
Na tola
Desajeitado bué,
Assim não,
Não com o boné,
Assim não é!
Com o pé é que é…
Ao chuto
Ou ao pontapé.
Chuta, chuta!
E a bola
Rebolona,
Saltitona,
Saltarica,
Rebola
E rebola
E salta,
Salta
E saltita.
Bola
Roda
Bola
Mola
Bola
Cabrita.

Alunos do 5.ºano ( com bastante apoio do professor )

NO COMBOIO DIVERTIDO
Baseado no poema de Fernando Pessoa “ Comboio descendente

No comboio vinha ela,
Vinha tudo sossegado,
Uns achavam – na muito bela
E outros só um bocado.
No combóio vinha ela
De Lisboa a Mirandela.

No comboio da manhã
Vinham todos a cantar,
Uns tocavam a viola
E outros vinham a dançar.
No comboio da manhã,
De Setúbal à Campanhã.

No comboio engraçado
Mas que grande animação!
Uns dormiam para um lado
E os outros viam televisão.
No comboio engraçado
De Santarém ao Carregado.

Por uma aluna do 8.ºAno

FAZ DE CONTA... (Baseado no poema com o mesmo título de Eugénio de Andrade)

- Faz de conta que sou doutor.
- Eu serei teu salvador!
- Faz de conta que sou abelha.
- Eu serei pólen , com certeza!
- Faz de conta que sou flor.
- Eu serei um sugador!
- Faz de conta que sou trapezista.
- Eu serei a rainha da pista!
E cavalos cavalgando,
Cavalgando vezes sem conta...
- Faz de conta que sou florista.
- Eu serei a flor arisca!
- Faz de conta que sou anão.
- Eu serei um grande brincalhão
- Faz de conta que sou rosa .
- Eu serei jarra cheirosa!
- Faz de conta que sou andorinha.
- Eu serei a tua casinha!
Ninho construído
Com muito carinho.
- Faz de conta que sou boneco.
- Eu serei neve somente!
- Faz de conta que sou electricista.
- Eu serei iluminista!
- Faz de conta que sou tigre.
- Eu serei a selva livre!
Tigre veloz e veloz
Correndo pelas planícies.
- Faz de conta que sou coração
- Eu serei a tua caixa da paixão!
- Faz de conta que sou marinheiro.
- Eu serei um grande aventureiro!
Sem dinheiro,
Caminhando com um companheiro.
- Faz de conta que sou estudante.
- Eu serei uma mente brilhante!
Vida vivida e vivida
Por eles vezes sem conta!
Faz de conta, faz de conta...

Por alunos do 8.ºano

O QUARTO BEIJO
(Continuação do poema de João de Deus “ BEIJO “)

Folhas da sorte
Que o trevo tem
Meu astro...
São para alguém
Com o teu porte!
E são quatro...

Naquele barco
Perto do mastro...
Beijo tão puro!
Não sejas duro,
Não sejas parco!
Só mais um... quatro.

Três, é a conta
Que Deus fez,
Vês!?
Mas quatro
É... Sabor exacto.
Quatro!

Não digas nada,
Deixa – te estar
Assim... calada.
Que custa dar
Mais um? Vá!...
Quatro.

Deixas – me louco,
Três é tão pouco,
Amor...
Mais uma vez esse sabor!
Vá...
São quatro, flor.

ALUNOS do 8.º ano ( com algum apoio do professor… eu ).


JÚNIOR *

Era uma parede nua
Bem visível
Nunca olhada
Por alunos nem professores
Que subiam e subiam
E desciam e desciam
Aquele patamar de escada.
Mas de repente, num instante,
Refulgente, brilhante
Uma ideia da Sara
Por outros logo seguida,
Acarinhada,
Por importante tida,
A todos cara.
Um placard desusado,
Esquecido,
Empoeirado,
Para ali foi trazido,
Ali foi dependurado
De uma forma tal
Que a parede nua
Passou a ser jornal.
Alhos ou bugalhos,
Não tem importância,
Venham lá trabalhos!
Muitos, à ganância!
Muitas participações,
Criações
Ou pesquisa.
Pesquisa da lisa,
Feita
Com lisura,
Com lisura assinada
Com tinta pura,
Com tinta imaculada.
E aquele patamar
Antes frio e distante
É agora local
Muito, muito importante,
De concentração!
Mora ali um jornal,
Uma publicação,
Sempre com muita sede
Que os alunos amigos
Ponham muitos artigos
Naquela parede.

*Jornal de parede da EB2,3 de Sabugal

J.R.D